domingo, 27 de junho de 2010

Creches conveniadas perto do fim em São Paulo?

     O artigo publicado pelo Valor Econômico (reproduzido mais abaixo) destaca o tema mais polêmico da Conferência Municipal de Educação : o fim dos convênios de creches e CEIs em São Paulo. (leia também Plano Municipal de Educação: Vitória dos servidores! e Ação Educativa: De Olho no Plano)
     Recordar é viver. As primeiras iniciativas no Brasil, ainda no século XIX, de proteção à infância foram de caráter higienista, visando combater a grande mortalidade infantil e a ausência de ações governamentais. Ao mesmo tempo havia a preocupação da sociedade capitalista em formação, de liberar mulheres não somente para a indústria, mas para os serviços de empregada doméstica. Mas a ausência do Estado foi marca permanente nessas políticas, e mesmo em 1919 quando se criou Departamento da Criança no Brasil, suas ações eram mantidas por doações. O caráter assistencial e filantrópico das antigas casas dos expostos e depois das creches se manteve por quase todo o século XX, até que os esforços e o movimento de vários segmentos da sociedade garantiram a educação como direito da criança e dever do Estado na Constituição de 1988.
     Os movimentos sociais tomaram força na década de 1970 com o declínio e consequente fim do regime militar. O Movimento de Luta por Creches em São Paulo nasceu em 1973 e deu seu grande salto em 1979 com o 1º Congresso da Mulher Paulista. O movimento que se espalhou por quase todos os bairros da Capital naquele ano, exigia do governo municipal a construção de mais creches em São Paulo que contava com apenas 119 equipamentos, dos quais apenas 3 eram da administração direta. O restante era fruto de convênios da Prefeitura com entidades sociais particulares. A verba era insuficiente e o serviço precário, necessitando de arrecadação de outras verbas para a sobrevivência da entidade e até mensalidade dos pais eram cobradas. Ainda em 1979, o Prefeito Reynaldo de Barros prometeu ao movimento a construção de 830 creches até o final de 1982. O então Prefeito, apesar de não cumprir nem 15% do prometido, realizou a maior expansão de creches diretas até hoje, terminando 1982 com 120 creches diretas, porém com muitas críticas do Movimento. Irregularidades na construção a “toque de caixa” para fins eleitorais, contratações de funcionários por indicação política, precariedade no atendimento desfilaram entre tantas denúncias.
     A administração Mário Covas (1983-1985) construiu 70 novas creches e instalou uma Comissão Especial de Inquérito para investigar as construções da gestão anterior. Covas propôs o conveniamento de todas as creches diretas, ao que a Comissão instalada foi contra.
O Movimento de Luta por Creches enfraqueceu a partir de 1984 pelas divergências internas, especialmente nas falas dos representantes das conveniadas, pela divisão entre os que defendiam o atendimento exclusivo de crianças pobres e os que defendiam a universalização do direito. Apesar de tais divergências, o relatório da Comissão “afirma que o Movimento não só conseguiu reconhecimento e legitimação de suas pautas, como foi responsável pela mudança radical de opinião sobre a creche pública: de algo ligado à imagem de asilo para crianças abandonadas, relacionado à culpa, para equipamento social com mesmo valor de outros como a escola e o posto de saúde.(1)
     Entre 1985 e 1988 os investimentos de Jânio Quadros nas políticas de creche foram precários: “não houve elaboração de diretrizes nem propostas pedagógicas, houve greves e demissões, a infra- estrutura e funcionamento ficaram totalmente comprometidos, chegando até mesmo a faltar alimentos.(1) Também se agregou as creches à Secretaria de Educação como uma espécie de apêndice, sem integração de ações. “A creche foi fechada à comunidade, funcionários foram nomeados por indicação política e a creche deixou de ser prioritária nas propostas de governo.”(1)
     O governo de Luíza Erundina construiu 80 novas creches e se notabilizou pela política voltada para as creches, iniciando a gestão com a realização de um diagnóstico das creches que retornaram às FABES. A política voltada para a participação popular, implementou vários programas e documentos para instituir projetos pedagógicos nas creches, flexibilização das rotinas e capacitação das ADIs (leia A história roubada). Erundina ampliou as vagas em creches diretas (28,65%) bem como em creches conveniadas (19,37%), mas priorizando as primeiras. As matrículas na educação nesse período, em toda a rede municipal subiram 15,9%.(5)
     Paulo Maluf foi responsável por uma nova fase de retrocessos nas políticas de creche, sucateando creches por redução de investimentos e falta de funcionários. As creches diretas em crise foram facilmente conveniadas e transformadas em rede indireta. Os funcionários eram encaminhados para outras creches diretas que já amargavam a falta de servidores. Maluf reduziu em 12,7% as vagas nas creches diretas e privilegiou os convênios que aumentaram as vagas em 91,39%.  No total de matriculados na rede municipal cresceram apenas 0,14%.(5)
     Pitta manteve a política de sucateamento das creches diretas e conveniamento no seu governo, mas se deparou com um movimento pelo cumprimento da LDB que exigia a integração das creches na rede municipal de ensino. Em 1998 ocorreu a nomeação de ADIs concursadas, já no final do conturbado governo. Foram reduzidas as vagas nas diretas em 1,27% e ampliou-se em 31,82% nos convênios, enquanto a rede de ensino cresceu apenas 1,89%.(5)
     O governo Marta construiu 44 CEIs diretos, e mais CEIs com o dobro da capacidade (300 crianças) em 21 CEUs, o que se considerado em dobro à capacidade padrão, equivale a 86 unidades novas. Para a rede direta significou um crescimento das vagas superior de 87%, enquanto houve investimento também na rede conveniada, porém menor, em torno de 23%, conforme Diário oficial de 31/12/04.(6) Entre 2000 e 2004, comparando os dados do Censo Escolar fornecidos pelo INEP, verificamos que as vagas na rede municipal de ensino, computando-se o total de matrículas em EMEIs, Ensino Fundamental e Médio e EJA (creches não incluídas no censo de 2000), cresceram 10,8%.
     Conforme dados de 2009 fornecido pelo atual governo no texto para debate do Plano Municipal de Educação, comparados ao Censo Escolar de 2004, há uma redução de mais de 133 mil alunos (-13,5%), sem contar CEIs e creches, em todos os segmentos: EMEIs (-3,6%), Fundamental (-10,9%), Ensino Médio (-14,3%), EJA fundamental (-41,6%). Comparados os dados de 2009 com os dados de 31/12/2004(6), a rede direta de CEIs também encolheu quase 13%. Somente a rede conveniada cresceu, e batante: 77,3%. Esses dados indicam concretamente uma fuga do investimento da educação pública para o setor privado, ainda que filantrópico. Vemos um retrocesso histórico.
     Não se trata de questão corporativa como quis alegar o Secretário à reportagem do Valor Econômico abaixo. Tratamos de princípios constitucionais. A educação de qualidade, enquanto direito, passa pelo dever do Estado, por profissionais capacitados, com salários dignos e planos de carreira. Não há como se garantir tais princípios utilizando-se a saída barata dos convênios. Paga-se pouco por crianças arriscadas a espaços mal estruturados, distribuídos e organizados. Pouca receita define uma situação na cidade de trabalhadores em creches conveniadas, sem o título de professor, ganhando em torno de R$ 800,00 para trabalhar 40 horas, sem horário de planejamento. Lembremos que Professores de Educação Infantil nos CEIs diretos possuem salário inicial de R$ 1.418,22 e final de R$ 3.424,93, e jornadas 30 horas semanais, das quais 5 são detinadas a planejamento, formação continuada e pesquisa. Fossem as entidades obrigadas a arcar com os mesmos custos com seus funcionários fechariam suas portas, exceto se o governo pagasse o necessário, o que tornaria o convênio uma saída não mais atraente para este. O governo também encontrou outras maneiras de reduzir a demanda pelo atendimento em creche:

"Kassab anuncia vagas em creches fechadas" - Jornal Agora

"Fila da creche: Prefeitura usa número antigo" - Jornal da Tarde

“São Paulo tem fila paralela para vaga em creche” – Jornal Agora

Kassab e o milagre da multiplicação das vagas

Kassab expulsa crianças das creches para fingir que reduz déficit. Dano às crianças faz Ministério Público intervir

      Creche é direito da criança e dever do Estado. Obviamente, é “inexequível” encerrar os convênios hoje, mas um plano é para isso: pensarmos como fazer. As metas para a próxima década estão postas pela sociedade representada na Conferência. Não podemos aceitar uma atitude de SME do tipo “agora não brinco mais”. Os 20 mil participantes que elegeram os 1500 delegados presentes na Conferência não podem ser tratados como palhaços. Pode ter certeza, Secretário: a sociedade também estará na Câmara, defendendo os seus interesses (dela, é claro).

Fontes/Artigos relacionados:

1- POLÍTICAS DE ATENDIMENTO À INFÂNCIA NAS CRECHES MUNICIPAIS DE SÃO PAULO (1989 A 1992)
2 - A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL: AVANÇOS, RETROCESSOS E DESAFIOS DESSA MODALIDADE EDUCACIONAL
3- MOVIMENTOS COLETIVOS NO BRASIL URBANO
4 - [DOC] História da Educação Infantil
5 - GOVERNA MARTA SUPLICY 2001-2004
6 - As distorções do Estadão para defender os demo-tucanos
7 - A história das creches e o preconceito no magistério
8 - Número de crianças sem ensino infantil cresce em São Paulo

 

Creches conveniadas perto do fim em São Paulo?

Luciano Máximo, de São Paulo – VALOR

Professores, funcionários de escolas, familiares, sindicalistas e integrantes de movimentos sociais que vinham participando da construção do primeiro plano de educação da cidade de São Paulo aprovaram a expansão do número de creches da administração direta associada à limitação dos convênios entre prefeitura e organizações não governamentais (ONGs) para a administração das escolas municipais de educação infantil paulistanas.

Depois de meses de debates acirrados, a decisão foi tomada no último dia da da Conferência Municipal de Educação, encerrada ontem, e vai constar do texto final do plano, assim como outras dezenas de propostas votadas que servirão como diretrizes para as políticas educacionais do município dos próximos dez anos. No momento, a comissão organizadora da conferência prepara o documento para, em 20 dias, encaminhá-lo à Câmara de Vereadores, onde será apreciado e convertido em lei.

Além do fim progressivo das creches conveniadas, o plano municipal de educação também apresenta outras metas para o período 2011-2020, como a redução do número de alunos por sala de aula na rede pública, a não expansão do ensino médio municipal, revisão de aposentadorias de profissionais da educação infantil e uma série de medidas referentes à educação inclusiva.

Com um problema histórico de oferta de vagas para crianças de 0 a 3 anos, de 2002 até hoje a prefeitura de São Paulo passou a apostar nos convênios com ONGs para ampliar o atendimento em creches. “O nome disso é terceirização, quando você paga para alguém fazer o que é sua responsabilidade”, comenta o diretor Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem), Floreal Botias Júnior.

Segundo ele, o modelo foi apresentado como medida alternativa ainda no governo da ex-prefeita Marta Suplicy (PT). “Mas se transformou na principal política da atual administração, que deixou de investir num plano de construção de novas creches públicas, onde há profissionais mais bem pagos e preparados e um maior controle”, diz o sindicalista. O piso salarial do professor de creche da administração direta é de cerca de R$ 2 mil, enquanto o contracheque dos docentes das unidades conveniadas não supera os R$ 900.

Atualmente, São Paulo conta com 338 creches da administração direta e mais de 1.000 unidades conveniadas. O déficit hoje está em 75 mil vagas. A prefeitura alega que não consegue encontrar terrenos para construir novas unidades. Em Guaianases, extremo da zona leste, foram abertas mais de 120 creches conveniadas em cinco anos e apenas três unidades diretas. Maria Angela Gianetti, diretora regional de educação, explica que o instrumento de parceria com organizações sociais é a forma mais eficiente para atender a demanda do setor. “Quando assumi, em 2005, havia 1.800 vagas. Com as conveniadas atendo hoje a 14 mil crianças. O processo é muito burocrático na administração direta”, conta Maria Angela, reforçando que há supervisão e acompanhamento pedagógico nas escolas conveniadas.

O secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider, disse ao Valor que vai combater a inclusão da limitação das creches conveniadas no plano municipal de educação. “É natural que os sindicatos tenham forte participação na elaboração do e aprovem medidas corporativas. Mas o fim dos convênios é uma ação inexequível e vai contra o próprio histórico da oferta de atendimento na cidade, e eu defenderei sua manutenção na Câmara”, afirmou Schneider.

Artigo publicado em Blog Leituras Favre

Ação Educativa: De Olho no Plano

 

Após Conferência, plano de educação segue para a Câmara dos Vereadores


De 18 a 20 de junho, cerca de 1.500 delegados votaram propostas para a elaboração do plano; eixos como financiamento, gestão democrática e educação superior não foram apreciados pela plenária final por falta de tempo

São Paulo, 24 de junho de 2010

A tarefa não era simples: durante a Conferência de Educação da cidade de São Paulo, entre 18 e 20 de junho, cerca de 1.500 pessoas, eleitas delegadas em etapas anteriores, tinham como meta discutir e votar 866 propostas – resultado da sistematização de 6 mil propostas recebidas – para o plano de educação da capital paulista.

Mesa que coordenou a plenária final, composta por membros da Comissão Executiva/ Foto: Ester Rizzi

A Conferência foi a terceira etapa do processo de construção participativa do plano, que contou com 2 mil atividades, sobretudo em escolas, em que se envolveram cerca de 21 mil pessoas de todos os segmentos da educação: pais e mães, estudantes, gestores, profissionais da educação, fóruns e movimentos.

O evento foi aberto na noite de sexta-feira, 18, com a presença do prefeito Gilberto Kassab e do secretário municipal de educação, Alexandre Schneider. Embora o plano regulamente o ensino em todo o território de São Paulo, incluindo a rede estadual, o secretário de educação do estado, Paulo Renato Souza, e o presidente do Conselho Estadual de Educação, Arthur Fonseca, não compareceram, enviando representantes para a mesa de abertura.

“Cidade injusta”
Schneider destacou que a educação infantil seria a questão central da Conferência – como de fato foi – e que a não inclusão de milhares de crianças reflete o fato de que São Paulo ainda é uma cidade injusta, apesar dos avanços.

“Hoje estamos resgatando uma dívida histórica com o município de São Paulo”, disse o secretário, ao abrir a Conferência. “Nós e os 21 mil que participaram de todo o processo”.

“A construção do Plano Municipal de Educação de São Paulo é fundamental para que possamos romper com esse ciclo vicioso de descontinuidade das políticas públicas”, afirmou o deputado estadual Carlos Gianazzi (PSOL), também presente na mesa.

Estavam presentes ainda na abertura os vereadores Eliseu Gabriel (PSB) e Cláudio Fonseca (PPS), além de representantes de todas as organizações que integram a Comissão Executiva do Plano.

Plenárias de eixo
No sábado de manhã, foram realizadas as plenárias de eixo. Das 8h00 às 10h00, os delegados deveriam optar entre uma das temáticas: gestão educacional e regime de colaboração; educação e meio ambiente; gestão democrática, controle social e participação; desigualdades, discriminações e diversidades; financiamento da educação; valorização dos (das) profissionais de educação; educação a distância.

Das 10h00 ao meio dia, outras plenárias foram realizadas: educação de jovens e adultos; educação profissional; ensino médio; educação inclusiva; ensino superior; ensino fundamental e educação indígena. No caso de educação infantil, que recebeu o maior número de propostas (1.781, no total), a plenária se estendeu por toda a manhã.

Os delegados poderiam apresentar destaques e recursos para incluir propostas que não constavam do documento-base da Conferência. No entanto, as discussões sobre as propostas se alongaram, e em diversas plenárias não houve tempo para apreciar todas as propostas de eixo. Foi o caso da educação infantil, ensino médio, valorização dos profissionais e educação especial e inclusiva – temáticas em que havia mais polêmicas.

Plenária final
Com o regimento aprovado pela plenária, deveriam ser apreciadas em primeiro lugar aquelas propostas que não chegaram a ser lidas em seus eixos temáticos. Depois, seriam apreciadas aquelas que obtiveram minoria de votos (de 30 a 50%).

Os eixos de educação básica (com propostas gerais que não constavam de nenhum eixo específico), educação de jovens e adultos, educação especial e inclusiva, ensino fundamental e médio e educação infantil foram os únicos eixos completamente apreciados.

No eixo de valorização dos profissionais, um acordo foi feito entre os sindicatos e a proposta de aprovar alguns itens do documento foi aprovada pela plenária. Em todos os outros eixos temáticos, a decisão foi de que as propostas que tiveram mais de 50% de aprovação serão encaminhadas diretamente para o documento final do plano.

Delegados votam propostas na plenária final/ Foto: Ester Rizzi

Polêmica
Propostas que determinavam o congelamento ou fim do modelo de conveniamento de creches foram os grandes pontos polêmicos da Conferência. Na noite de sábado, perto das 21 horas (horário previsto na programação para o término), uma proposta (nº 166 do documento-base) que dizia respeito a essa questão foi aprovado, causando protestos de integrantes de entidades conveniadas. Atualmente, cerca de mil creches conveniadas funcionam em São Paulo.

Na manhã seguinte, as entidades tentaram apresentar recurso para continuar a votação das outras propostas sobre o mesmo tema, que foram consideradas superadas pela aprovação da proposta 166, mas a plenária não permitiu. Mesmo que o tema tenha sido aprovado, o secretário declarou a jornais como Valor Econômico e Jornal da Tarde que não apoiará a decisão: "o fim dos convênios é uma ação inexequível e vai contra o próprio histórico da oferta de atendimento na cidade, e eu defenderei sua manutenção na Câmara", afirmou Schneider ao Valor.

Destaques
A intensa participação da comunidade surda foi destaque em diversos momentos da Conferência. A organização disponibilizou intérpretes de Libras em todos os espaços de discussão e telões.

Na plenária final, quando se discutiram as muitas propostas de educação inclusiva, houve vários momentos em que pessoas surdas se dirigiram à mesa por meio da interpretação em LIBRAS para apresentar emendas e questionar encaminhamentos. Apesar do grande número de propostas, a discussão foi organizada e chegou a ser completada em plenário.

A equipe de sistematização trabalha agora numa versão final do documento, com as aprovações e alterações feitas na Conferência. Todos os recursos apresentados e as propostas não apreciadas ou minoritárias serão apensados à memória da Conferência, que também será encaminhada pela Comissão Executiva do Plano à Câmara dos Vereadores. “Apesar da conclusão da Conferência não ter sido o que desejávamos, demos sim um importante passo na luta pelo direito humano à educação de qualidade em nossa cidade. Nos últimos dez anos, foram várias as tentativas frustradas de alavancar a construção participação de um plano. Agora a luta continua na Câmara”, afirma Denise Carreira, da Ação Educativa e representante do GT Educação do Movimento Nossa São Paulo na Comissão Executiva.

Na Câmara, haverá uma série de audiências públicas e o projeto de lei poderá receber emendas dos vereadores. Se aprovado, seguirá para sanção do prefeito.

Veja vídeos de depoimentos de delegados momentos antes da abertura

Leia depoimentos de delegados de diversos segmentos


Leia entrevistas com os vereadores sobre como será a tramitação na Casa

Após Conferência, plano de educação segue para a Câmara dos Vereadores

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Plano Municipal de Educação: Vitória dos servidores!


Propostas progressistas foram garantidas e os retrocessos evitados.
Neste fim de semana, de 18 a 20 de junho, aconteceu no Anhembi, a Conferência Municipal de Educação para a elaboração do Plano Municipal de Educação. Cerca de 20 mil cidadãos paulistanos encaminharam quase 6000 propostas e elegeram em torno de 2500 delegados para debatê-las. A participação foi surpreendente, já que a administração não deu muita ênfase ou estímulo para que as escolas levassem a sério os debates e a participação da população e dos trabalhadores. Ficou claro que os movimentos sociais e sindicais, bem como a militância pela educação de qualidade existe, está presente, é forte e sua capacidade de se organizar foi subestimada. Como resultado dessa organização, aprovamos propostas importantes para o futuro da educação na cidade e eliminamos retrocessos presentes no conjunto inicial de propostas. Veja alguns resultados:

Educação Básica
Redução de alunos por professor
Uma das maiores conquistas na Conferência foi a aprovação da proposta de redução progressiva até 2015, do número de alunos ou crianças por professor na educação básica e a limitação de no máximo, duas turmas por sala na educação infantil, seguindo a seguinte proporção (crianças ou alunos/professor):
Berçário I – 5;
Berçário II – 7;
Minigrupo – 9;
1º a 3º Estágios – 15 a 18 crianças;
Fundamental I – 20
Fundamental II - 25
Ensino Médio - 25

Recesso em julho nos CEIs
O recesso em julho nos CEIs, seguindo o calendário de EMEIs e EMEFs, não podia deixar de ser aprovado pelos delegados, já que esteve presente em 9% de todas as propostas da Educação Infantil.

Fim dos Convênios
Apesar de grande presença de representantes e trabalhadores de conveniadas e de alguns integrantes do governo, a maioria dos presentes votou pelo fim das políticas de convênios de creches/CEIs. A mensagem dos servidores municipais foi clara: ninguém é contra as entidades ou seus trabalhadores, mas o Estado não pode se ausentar de suas obrigações apelando para o pagamento de baixos per-capitas que levam a contratação de profissionais em cargos fora do magistério, com salários baixos e jornadas de 40 horas semanais. O investimento em CEIs diretos ao longo dos anos, poderia absorver o pessoal das conveniadas por concurso público e a sociedade não precisaria pagar duas vezes, já que as entidades não conseguem sobreviver somente com o que o governo paga.

Assistente de Direção e Secretários
A criação dessas funções em CEIs e EMEIs foi outro ponto aprovado com vistas à qualidade do nosso trabalho.

Valorização dos profissionais do magistério
Vários eixos ficaram sem leitura e aprovação pela plenária, pois os dois dias de debate não foram suficientes. O governo se negou a atender o desejo dos delegados de promover mais um dia para finalizar a Conferência. Para não correr o risco de não aprovar pontos importantes do eixo valorização dos profissionais do magistério, os dirigentes presentes de entidades sindicais (SINESP, SINPEEM, SEDIN e APROFEM) se reuniram e selecionaram pontos do eixo que foram aprovados em bloco:
Garantir recesso em julho e férias em dezembro para todos os funcionários, inclusive dos CEIs e EMEIs das duas Redes, com unificação do calendário escolar.
  • Propor políticas de apoio aos estudos, formação continuada específica e de pós-graduação para os profissionais de educação, preferencialmente nas universidades públicas de São Paulo.
  • Garantir aos profissionais da educação, da rede direta, inclusive da Educação Infantil, cursos de formação continuada, graduação e de pós-graduação, mestrado, doutorado, pós-doutorado para os que queiram aprimorar conhecimentos.
  • Realizar concurso público para provimento dos cargos de SME e SEE em todas as instâncias e funções.
  • Implantar política de melhoria de condições de trabalho e de salários dos professores em todos os níveis e modalidades de ensino, para valorização da profissão e melhoria da qualidade da educação.
  • Garantir melhorias salariais para todos os profissionais da educação (Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e todas as modalidades), respeitando os índices do DIEESE.
  • Ampliar as referências para o quadro do magistério de 22 para 27.
  • Garantir condições adequadas para aposentadoria e readaptação dos profissionais da educação assegurando os mesmos direitos dos profissionais da ativa aos aposentados.
  • Garantir aposentadoria especial para os especialistas e professores readaptados.
  • Garantir aposentadoria aos profissionais da educação considerando a contagem do tempo como tempo na carreira do magistério os tempos: ADI; PAJEM; Diretor de Equipamento Social; Diretor de Creche; Pedagogo.

Próxima etapa: Câmara Municipal
O texto final irá para a Câmara e lá temos um grande desafio. O governo não gostou nada dos resultados e fará tudo para que os Vereadores da base governista não aprovem os avanços conquistados na Conferência. Temos uma missão para o próximo semestre: aprovar as decisões dos munícipes representados neste final de semana no Anhembi.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

8º Congresso Internacional sobre Avaliação na Educação

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Propostas do PME estão sistematizadas

A sistematização das cerca de 5900 propostas elaboradas para o Plano Municipal de Educação estão disponíveis no site da SME (clique aqui para baixar). Os 1700 delegados eleitos devem debater as propostas nos dias 18, 19 e 20. Ao final, a proposta resultante da Conferência deve seguir para a Câmara para a discussão e aprovação dos Vereadores.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

FORUM ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS - SP


Repassar aos interessados:

Boa tarde!
Segue convite para plenária do Fórum EJA-SP.
 Prezadas educadoras e educadores de Jovens e Adultos:
            Vimos, por meio desta, convidá-lo/la, a participar da plenária do Fórum Estadual de Educação de Jovens e Adultos, que se realizará no dia 26 de Junho , das 9h00 às 13h00, na Sala C - 1° Subsolo da Câmara Municipal de São Paulo, situada no Viaduto Jacareí , 100 – Centro.
Pauta da plenária:- Agenda territorial;- Encontro temático de EJA – Plano Municipal de Educação de São Paulo;- III Seminário Nacional de Educação de Formadores de EJA;- VIII Encontro Nacional de Mova – Brasil;- Projeto de sustentabilidade do Portal EJA;

Contamos com sua presença.

Att

P/ Coordenação do Fórum Estadual de EJA - SP
Alan Mazoni AlvesTel.: (11) 3866-2753
Obs.: A plenária é gratuita, mas devido a limitação do espaço solicitamos que confirmem participação antecipadamente.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

6º SEMINÁRIO PRÓ-REGULAMENTAÇÃO DO CRECE


Você gostaria de opinar e ser ouvido sobre a criação e
implementação de políticas públicas para a educação?


Convidamos você e toda a população da
Cidade de São Paulo para participar do



6º SEMINÁRIO PRÓ-REGULAMENTAÇÃO DO CRECE

Dia: 16/06/10
Horário: 19:00 às 21:00
Local: Câmara Municipal de São Paulo Viaduto Jacareí, 100 -1º Subsolo – Sala Oscar Pedroso Horta (Próximo a Estação Anhangabaú do Metrô)
CONTATO: crecepj@yahoo.com.br

Colegiado Regional de Representantes
de Conselhos de Escola
O que é? O CRECE é um colegiado que tem como fim o fortalecimento dos conselhos de escola e a busca da efetivação do processo democrático nas unidades educacionais e nas diferentes instâncias decisórias visando a maior qualidade da educação. Tem caráter deliberativo respeitando a legislação vigente.

Quais os objetivos do CRECE:

  • Ser um espaço de fortalecimento da cidadania;
  • Ser uma instância auxiliar da administração;
  • Ser um espaço de organização da população;
  • Ser um canal de comunicação dos Conselhos de Escola entre si e com SME e vice-versa;
  • Ser um espaço de indicação de soluções para problemas educacionais da região, contribuindo para a construção da escola pública, democrática e popular.

    Se a democracia é o governo do povo ela só pode acontecer se o povo participar!

Conferência de Educação da Cidade de São Paulo

Plano de Educação da Cidade de São Paulo

18, 19 e 20 de junho de 2010

Local: Parque Anhembi – Centro de Eventos e Convenções da Cidade de São Paulo / Palácio das Convenções, Av. Olavo Fontoura, 1209, Santana, São Paulo – SP.

PROGRAMAÇÃO

18 de junho de 2010 – sexta-feira
17h às 21h – CREDENCIAMENTO
19h – ABERTURA
19h30 APROVAÇÃO DO REGIMENTO
21h – COQUETEL

19 de junho de 2010 – sábado
7h30 às 12h00 – CREDENCIAMENTO
7h30 às 8h30 – CAFÉ DE BOAS VINDAS

8h00 às 10h00 – PLENÁRIAS POR EIXO:
Sala 1 - GESTÃO EDUCACIONAL E REGIME DE COLABORAÇÃO
Sala 2 - EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE
Sala 3- GESTÃO DEMOCRÁTICA, CONTROLE SOCIAL E PARTICIPAÇÃO
Sala 4 - DESIGUALDADES, DISCRIMINAÇÕES E DIVERSIDADES
Auditório 8 - FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO
Auditório 9 - VALORIZAÇÃO DOS (DAS) PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO
Sala 1 - backstage - EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

10h às 12h – PLENÁRIAS POR EIXO:
Sala 1 - EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Sala 2 - EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
Sala 3 - ENSINO MÉDIO
Sala 4 - EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Auditório 8 - ENSINO SUPERIOR
Auditório 9 - ENSINO FUNDAMENTAL
Sala 1 backstage - EDUCAÇÃO INDÍGENA

8h às 12h – PLENÁRIAS POR EIXO
Auditório Celso Furtado – Educação Infantil e outros temas

12h às 14h – ALMOÇO (Hall Lateral e Hall Nobre)
14h às 21h – PLENÁRIA FINAL (Auditório Celso Furtado) – todos os participantes
17h às 21h – CAFÉ DA TARDE (não haverá interrupção das atividades)

20 de junho de 2010 – domingo
8h às 13h – PLENÁRIA FINAL (Auditório Celso Furtado) – todos os participantes.

Secretaria Municipal de Educação

domingo, 13 de junho de 2010

Plano Municipal de Educação – Rede quer redução de alunos em CEIs e EMEIs


Pesquisa sobre as propostas de educação infantil para o plano municipal identificou 31% de incidência do tema "redução de aluno por professor" e 9% de propostas contendo o recesso de julho nos CEIs. Outro dado notável foi a defesa da rede conveniada maior que a defesa da rede direta.
Nos próximos dias 18, 19 e 20 acontecerá a Conferência do Plano Municipal de Educação. Mas até agora não está disponível no Portal de SME a organização do evento. O portal do Plano Municipal de Educação de SME, no entanto, já dispõe das propostas e resultados das discussões (clique aqui). Na página é possível consultar Tema, Distrito, Entidade e/ou Nome do Responsável para listar as propostas. Selecionei as propostas de educação infantil que estão disponíveis em arquivo do Word (baixar aqui – arquivo seguro). Foram 1781 propostas para Educação Infantil. Também disponibilizei uma planilha Excel para pesquisa (baixar aqui – arquivo seguro). Pela planilha pesquisei alguns temas para verificar a recorrência de propostas – veja os resultados abaixo. Quem tiver facilidade para lidar com fórmulas e filtros no Excel pode contribuir com pesquisas de outros temas.

 Resultados das PropostasRedução do número de crianças e recesso em julhoSelecionei alguns temas para pesquisar (veja o quadro). Dentre eles o que mais chamou a atenção foi o número de propostas pela redução do número de alunos por sala de aula/professor na educação infantil, presente em 558 das propostas (31%). Os números da redução nem sempre foram apresentados, e variaram entre si, sendo que algumas propostas se concentraram em EMEIs e outras em CEIs, e em alguns poucos casos em EMEFs. Outro tema marcante, presente em 9% das propostas foi o recesso em julho, a segunda maior incidência dentre os temas pesquisados.

CEIs Conveniados X CEIs Diretos
Pesquisei também o número de propostas que defendiam a rede conveniada e indireta ou a priorização da rede direta. Agrupei de um lado todas as propostas que defendem igualdade, extensão de direitos dos profissionais da rede direta para rede indireta e conveniada, bem como aquelas que defendem a valorização, manutenção ou ampliação dessa rede (inclusive de EMEIs), bem como ampliação da destinação de verbas para esse segmento. Por outro lado computei as propostas que defendem o fim ou redução da rede conveniada e indireta com priorização da rede direta. O número de propostas pela rede conveniada e indireta foi bem superior ao número de propostas que se preocuparam com a valorização da rede direta (145 a 84 propostas respectivamente. Esses números demonstram que um grande embate se dará na Conferência entre a rede direta e a rede conveniada. Está em jogo (no Brasil inteiro) a questão do financiamento da educação pública, e o quanto essas verbas serão disputadas entre os dois segmentos. Tenho a opinião de que o Estado não pode lavar as mãos no oferecimento de Educação pública e que os representantes da rede direta devem saber que não é uma questão qualquer. O governo, que como o atual, opta pelo convênio, quer pagar mais barato e destina dinheiro público que vem fazer falta na rede direta, tanto para atender sua qualidade quanto para bancar os salários dos educadores. As entidades sempre foram muito importantes para garantir um atendimento assistencial mediante a ausência do poder público. Mas com a Constituição de 1988 e as creches como Educação Básica, não há justificativa para empurrarmos com a barriga a responsabilidade dos governos. Trata-se definir um prazo e/ou uma taxa de redução do atendimento conveniado e ampliação do atendimento direto. A necessidade das entidades se manterem não justifica a omissão do Estado. Entidades assistenciais, beneficentes e filantrópicas só se justificam pela ausência de políticas públicas. Se conquistamos essas últimas, reduziremos a necessidade das entidades na sociedade.

Terceirizações
A terceirização de serviços dentro das unidades educacionais públicas e diretas como merenda, limpeza e vigilância foi combatido por 45 propostas, porém foi defendido em 23 propostas. Revela a falta de clareza de muitos companheiros que apelam pela saída fácil da terceirização. Fácil porque gera um falso alívio do modelo obsoleto de gestão que permanece centralizado na direção da unidade escolar. O diretor se livra de lidar com conflitos por um lado, mas sem poder abrir de mais de uma centena de novas atribuições como acontece na merenda terceirizada. Ao invés de se rever o modelo de gestão, a administração atrai adeptos da terceirização com argumentos falaciosos. A terceirização é um caminho aberto à corrupção, exploração de trabalhadores, e desperdício de dinheiro público ao incluir nas contas a obtenção de lucro pelos prestadores de serviço. O caminho somente é fácil quando e se não se quiser repensar o modelo ultrapassado de gestão da escola.

Integração de CEIs e EMEIs
Propostas prevendo a integração (ou unificação) de CEIs e EMEis chegaram a 23 ocorrências.

Recorrência dos temas nas 1781 propostas para a Educação Infantil
TEMA
Número de propostas
Porcentagem
redução de alunos por sala/professor558 31% 
recesso em julho156 9% 
defesa de rede conveniada e indireta 145 8% 
defesa de diretas 845%
a favor de terceirização141%
contra terceirização453%
integração de CEIs e EMEIs231%

Plano Municipal de Educação - São Paulo